terça-feira, 7 de setembro de 2010


Seus olhos cor de mel, marejados pelas lágrimas, transmitiam uma estranha sensação de conforto apesar da dor. Talvez a palavra certa seja esperança. Esperança de que tudo ficará bem. Sereno como um anjo prateado e, ao mesmo tempo, frágil como uma pétala de rosa.

O guarda chuva para tempos ruins estava desgastado. O coração, que antes batia energicamente, se encaminhava para o último suspiro antes que se transformasse em uma máquina de dizer 'sim'.

O vento soprava seus cabelos pretos, enquanto seu olhar estava fixo no horizonte, tentando se agarrar a algum fio que o puxasse de volta, mas não havia nada, apenas o medo e a desilusão.

Agora era apenas ele. Sonhava acordado para fugir da dor que esmagava seu peito.

Por fora, um sorridente e sonhador, devorador do mundo. Por dentro, apenas mais um covarde que se refugia dentro de seu próprio corpo. Testemunha de sua própria dor.

A partir daí, um leão por dia.

domingo, 27 de junho de 2010

Válvula de escape


Há tempos que tento viver um dia de cada vez, de não ansiar pelo amanhã. Ás vezes as situações nas quais me envolvo se tornam tão complicadas que coloco minha existência em questão.

Se eu morresse amanhã, não tenho dúvidas, tudo seria mais fácil. Meu hoje seria feliz, sem preocupações ou ansiedades, sem medo de demonstrar os meus mais puros sentimentos. Por um dia eu seria completamente feliz.

Seu eu morresse amanhã, a dor que grita aqui dentro, que esmaga meu peito, emudeceria e minhas decepções seriam enterradas. Eu não me preocuparia em fazer planos para o futuro, apenas viveria cada segundo do meu dia sem me torturar, sem me importar com as feriadas que meu coração cortado não consegue estancar.

Se eu morresse amanhã, talvez meus pais ficassem tristes, talvez sentissem minha falta, entretando seriam os únicos. Não posso afirmar que alguém, de fato, me ame, arrisco dizer que as pessoas se acostumaram, apenas, com a minha presença. Dormir para sempre seria minha válvula de escape para os meus, mais bonitos, sonhos acinzentados.

Não temo a morte, ela é fácil, rápida, não há dor constante e, principalmente, ela não decepciona.





Obs.: Bom, escrevi esse texto inspirado no poema de Alvarez de Azevedo 'Se eu morresse amanhã'. Eu não quero me matar e não faço apologia ao suicidio, ok? E só postei esse porque estou há algum tempo sem escrever nada, então foi esse mesmo hahaha ;*

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Universo particular


Em algum momento eu descobri o quão grande sou. Talvez eu tenha me descoberto, ou talvez eu tenha me perdido nessa imensidão de opiniões, manias, sentimentos e fragilidades que sou.

Já não ajo mais como antes, já não aceito tudo o que a sociedade me impõe, não sou uma alienada, não tenho mais a necessidade de formar meus conceitos á partir do que a mídia transmite e influêncía.

Dentro do meu universo particular, onde várias de minhas faces são escondidas, me perco em memórias que ainda não aconteceram, me iludo, fantasiando situações tão reais que ainda estou esperando despertar desses profundos sonhos.

Me camuflo perante as pessoas esperando apenas uma oportunidade, uma abertura, para poder mostrar algumas dessas, tão reprimidas, faces. Me escondo. Minha coragem é falsamente emoldurada no dia-a-dia. Ah! Tão frágil que chega a ser ridícula, não consegue enfrentar a sangue frio toda essa comodidade e essa 'falta do absurdo' que é cultivada nos dias de hoje.

Retomei alguns de meus hábitos curiosos. Ainda fico embasbacada com a beleza de coisas 'simples' como um céu estrelado e seus mistérios, que muitas vezes é ignorado por falta de tempo .

Sou uma incógnita para mim mesma, sou mudança constante. Como já dizia Raul Seixas 'Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo'. E assim trilho meu caminho, vivo, erro, aprendo e, mais uma vez, mudo.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Viva la vida


Nossa vida não consiste apenas em dias, meses e anos. A vida é uma explosão de sentimentos, de experiências, de compartilhamentos. Jamais pense que já viu de tudo nesse mundo, pois as circunstâncias te surpreenderão, então, esteja preparado para o novo.
Não se feche para as pessoas quando alguém te decepcionar, pois cada ser é diferente, cada um carrega um 'mundo próprio' dentro de si, cada pessoa tem muito a oferecer, muitas delas vão te desapontar, mas também vão existir aquelas que te trarão alegria, carinho e confiança. Não deixe de demonstrar seus sentimentos para quem você ama, a vida é uma incerteza, nunca se sabe quando ela vai acabar, só se sabe que um dia irá acabar, então, diga aos seus amigos o quanto eles são importantes e o quanto você os ama, porém cuidado, não faça da frase 'Eu te amo' uma rotina, pois ela é muito intensa e pode perder o real significado quando pronunciada frequentemente.
Enfim, viva! Não tenha medo. Chore, dance, dê gargalhadas, pule, vibre, compartilhe, se expresse! Pois a qualquer momento nosso teatro pode acabar e as cortinas se fecharão.
'A vida é maravilhosa se não se tem medo dela' Charles Chaplin

segunda-feira, 7 de junho de 2010


O dia estava nublado e ela acabara de discutir com a sua mãe. Correu para o quarto e se trancou. As luzes estavam apagadas e as cortinas fechadas, ou seja, o ambiente estava perfeito. Ela pegou seu violão e se reencostou na cama, então começou a tocá-lo, e era incrível como aquela combinação de violão mais seu 'esconderijo' a acalmava rápido, era um verdadeiro refúgio, uma válvula de escape de toda agitação.

Enquanto seus dedos dançavam sobre as cordas do instrumento, sua alma se perdia em algum lugar do passado, viajando por momentos bons e ruins de sua, ainda curta, vida. A solidão tomava conta de seu corpo, porém, isso não era ruim, era algo necessário, era um momento que pertencia somente a ela, hora de colocar as coisas no lugar, de deixar a alma mais leve, renovar as vibrações, entender e resolver as angústias.

Essa desconexão com o mundo, trazia uma nostalgia grande, vontade de voltar no tempo, de valorizar mais, de ser alguém melhor.

Então ela chorou. Chorou de saudade, chorou por medo de errar e decepcionar, chorou porque percebeu que a vida dela não significava nada quando comparada com as outras milhares de vida existentes no mundo.

Porém, quando se acalmou novamente, percebeu que apesar de não poder mudar o mundo, como acreditava quando era criança, ela poderia mudar o seu mundo, ou seja, a vida ao seu redor, a sua realidade, o seu dia-a-dia, e isso só dependia dela e de mais ninguém.

Guardou o violão, abriu as cortinas e janelas, trocou de roupa e saiu do quarto.

sábado, 5 de junho de 2010

Acredite, sonhe, realize.


Nunca diga que perdeu as esperanças ou que não acredita que algo possa se realizar. Quando deixamos de acreditar em nós mesmos, nas pessoas e principalmente em nossos sonhos, significa que estamos vazios por dentro, nos tornamos superficiais e começamos a deixar que as regras impostas pela sociedade nos transforme e nos domine. É por nossos sonhos que devemos levantar todos os dias e lutar para realizá-los, então quando finalmente o realizamos, nós descobrimos a sensação do maior prazer existente, descobrimos que se nós lutarmos e acreditarmos que é possível, nós conseguimos.



'Cuando la noche se ve mas obscura, és porque ya va salir el sol' D.M

quinta-feira, 3 de junho de 2010

As lentes do mundo



Solitário ele vagava pelas ruas. Munido com iPOD e óculos escuros o homem misterioso vivia distante, em um mundo só dele, onde as cenas de seu teatro real eram marcadas por músicas do século passado. Suas roupas não seguiam as tendências atuais, elas também pareciam ser de algumas décadas atrás e seu cabelo era grande e desarrumado, como se tivesse acabado de acordar. A face não transmitia qualquer expressão, aparentemente, estava vazia.

Em meio á sociedade, parecia um morto-vivo com seu andar lento, enquanto as pessoas corriam, atrasadas para compromissos, sem tempo de olhar ao redor, preocupadas demais em ganhar dinheiro mais e mais e mais... Fazer contas bancárias acumulando capital para no fim morrer sem gastá-lo com nada, praticamente, prazeroso.

De óculos escuros ele via o que ninguém vê. Observava cada detalhe daquele mundo estranho, apesar de não gostar das imagens que seus olhos captavam. Toda ideologia e garra que os jovens tinham há 50 anos pareciam não existir mais. As pessoas se tornaram robôs capitalistas. Escravas do dinheiro e do poder.

De óculos escuros ele via o que ninguém vê, mas ele não queria ver, ele simplismente não conseguia mais continuar vendo. As pessoas estavam vendadas com lentes de ilusões e doía ver isso.

Por fim, ele chegou em casa, sentou-se na cadeira e tirou seus óculos. Sua expressão, agora, era de cansaço e dor, como se estivesse sido nocauteado em um ringue.

Ainda acompanhado do seu iPOD, pegou um papel e uma caneta e começou a escrever sobre o 'seu mundo', porque o 'mundo de verdade' não merecia qualquer linha escrita ou qualquer recordação.

Sem os óculos escuros ele fugia, novamente, para o seu mundo.

Carta pessoal

É estranho e doloroso aceitar que você já não faz parte desse mundo e que eu não posso mais brincar com você e nem ao menos poder te fazer dormir.
Não são raros os momentos em que me pego pensando em você, olhando suas fotos e relembrando momentos, ainda que poucos, juntos.
É tão desconcertante falar sobre alguém que tinha apenas um ano e meio e que mexeu tanto comigo, as pessoas poderiam julgar isso até como insano. Mas com você foi diferente. Você fazia parte de todos os meus fins de semana e feriados, eu não chamaria nossa 'relação' de amizade, ou mesmo de primos apenas, se você fosse 'apenas' um amigo, talvez a dor da perda não fosse tão grande, tão intensa e tão consumidora. O que eu sentia, e sinto até hoje, é muito mais do que carinho, eu me arrisco a dizer que você é como um filho de coração pra mim, um anjinho de olhos azuis que Deus enviou para a Terra com a missão de fazer uma família experimentar a supremacia da felicidade por um ano e meio.
Eu sei que é irracional da minha parte lamentar sua perda até hoje, mas é algo incontrolável e, apesar da dor, eu prefiro que tenha sido assim ao invés de você nunca ter feito parte da minha vida.
Podem se passar décadas e décadas, podem vir filhos e netos, no entanto você nunca será apagado da minha memória e tirado do meu coração.

Arthur, Arthurzinho, Tutuco ou Tutuquinho, cinco anos sem você é muita coisa, é dor acumulada e crescente.